Nos exemplos acima, os participantes não sabem onde, como e quando um evento negativo pode ocorrer, contudo existe a concordância entre eles de que a ausência de margens de segurança pode resultar em perdas irrecuperáveis para a vida ou para os negócios. E essa possibilidade é mais do que suficiente para que sejam implementados mecanismos de proteção contra o desconhecido.
Então, por que o conceito de margem de segurança é pouco utilizado pelos investidores tendo em vista que para várias outras situações a presença é quase anímica?
O princípio Margem de Segurança, no mundo dos investimentos, foi difundido por Benjamin Graham que, em resumo, dizia que um investidor só deve comprar títulos quando o seu preço de mercado estiver consideravelmente abaixo do seu valor intrínseco. A significativa diferença entre o preço de mercado e o valor intrínseco é a margem de segurança que, no limite, diminui o risco de fortes marcações negativas e perdas irrecuperáveis.
Benjamin Graham
foi um economista inglês, considerado o criador do “buy and hold” (“comprar e manter”), estratégia de investimento em ações com foco em horizonte de longo prazo. Um de seus principais discípulos é Warren Buffet.
foi um economista inglês, considerado o criador do “buy and hold” (“comprar e manter”), estratégia de investimento em ações com foco em horizonte de longo prazo. Um de seus principais discípulos é Warren Buffet.
Fundos de Investimentos
Crédito privado
Portfólio
Em conversa com um cliente sobre o tema, ainda em 2021, quando escrevi as premissas acima, fui indagado se a margem de segurança não se configura como um dispositivo conservador. E que, por isso, deveria ser empregado somente por investidores que são indecisos ou que não queiram correr riscos em busca de maiores retornos. Respondi que, se aplicada da maneira que discorremos nos parágrafos acima, a margem de segurança tem uma função diametralmente oposta.
Ela permite que tomemos mais risco, mas sobrevivamos aos possíveis resultados negativos que não são previsíveis por nenhum modelo. O investidor que possui em seu portfólio uma margem para situações inimagináveis terá vantagem sobre aqueles que, em um evento aleatório negativo de grande magnitude, perdeu grande parte do seu patrimônio. É a sobrevivência no mercado que nos permite obter resultados acima da média e, ao observarmos o comportamento das principais classes de ativos no longo prazo, concluímos que as probabilidades de lucros estão ao nosso lado.
É necessário deixar os juros compostos atuarem!
Constituir portfólios é ciência e arte ao mesmo tempo. É uma atividade de risco e dentro de toda assimetria e conflito de informações que vivemos temos que fixar parâmetros de controle que mitiguem as probabilidades da ruína. Não temos como dissociar os lucros do portfólio do controle de risco, são variáveis não separáveis.
O objetivo da margem de segurança é fazer com que a futurologia não seja tão necessária. É a única forma de navegar com segurança em um universo dominado pela incerteza.
A margem de segurança é um escudo contra os nossos vieses psicológicos!
A margem de segurança é o plano H para quando os planos A-B-C-D-E-F-G fracassarem!
A margem de segurança é o plano para quando não há mais planos!
“Uma margem de segurança é alcançada quando os títulos são comprados a preços suficientemente abaixo do valor subjacente para permitir erro humano, má sorte ou extrema volatilidade em um mundo complexo, imprevisível e em rápida mudança.”
Seth Andrew Klarman