20 Erros

Ao fazer as pesquisas para escrever a carta deste mês, me deparei com um artigo em inglês denominado (em tradução livre) Dicas para Evitar os 20 Erros de Investimento Mais Comuns, escrito por Robert Stammers e publicado pelo CFA Institute. O conteúdo, apesar do título raso, está aderente com o conhecimento que gostaria de compartilhar com você antes de concluirmos o ano de 2023, reavaliando vários pontos que podem impactar o efeito positivo dos juros compostos.

Grande parte de tudo que será exposto abaixo já foi dito em outras cartas que escrevi, podendo soar repetitivo – mas, parafraseando Aristóteles:

“Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito.” 

Revisitar os principais erros a serem evitados e compartilhá-los faz parte da busca pela excelência na construção dos portfólios e da evolução sustentável do patrimônio dos nossos investidores.

1. Esperar demais ou usar as expectativas de outra pessoa

Investir a longo prazo envolve a criação de uma carteira bem diversificada, projetada para fornecer os níveis apropriados de risco e retorno em diversas situações de mercado. Contudo, mesmo depois de projetar a carteira certa, ninguém pode prever ou controlar os retornos que o mercado realmente proporcionará. Nesse sentido, é importante ter as expectativas ajustadas e ter cuidado ao determinar o que esperar. Ninguém pode dizer qual é uma taxa de retorno razoável sem entender você, seus objetivos e sua alocação de ativos atual.

2. Não ter metas de investimento claras

O ditado “Se você não sabe para onde está indo, provavelmente acabará em algum outro lugar” é tão verdadeiro para investimentos como para qualquer outra coisa. Desde o plano de alocação até a aplicação das estratégias utilizadas, o desenho da carteira e até mesmo os títulos individuais podem ser configurados com seus objetivos de vida em mente. Muitos investidores se concentram na última moda de investimento ou na maximização do retorno de curto prazo, em vez de projetar uma carteira de investimentos que tenha uma alta probabilidade de alcançar seus objetivos de investimento a longo prazo.

3. Não diversificar o suficiente

A única maneira de criar uma carteira que tenha o potencial de fornecer níveis apropriados de risco e retorno em várias situações de mercado é utilizando uma diversificação adequada. Muitas vezes, os investidores pensam que podem maximizar os retornos investindo pesadamente em um título ou setor. No entanto, quando o mercado se move contra uma posição concentrada, pode ser desastroso. Diversificação demais e muitas exposições também podem afetar o desempenho, e a melhor ação a ser tomada é encontrar um equilíbrio. Procure o aconselhamento de um profissional.

4. Focar no tipo errado de desempenho

Existem dois horizontes temporais importantes a serem considerados: o curto prazo e tudo o mais. Se você é um investidor de longo prazo, especular sobre o desempenho a curto prazo pode ser uma receita para o desastre, pois pode fazer você questionar sua estratégia e motivar modificações desnecessárias na carteira. O ideal é olhar além do ruído de curto prazo e considerar os fatores que impulsionam o desempenho a longo prazo.

Se você se pegar olhando a curto prazo, mude o foco.

5. Comprar em alta e vender em baixa

O princípio fundamental do investimento é comprar quando os preços estão baixos e vender quando estão altos – então, por que tantos investidores fazem o contrário? Em vez de racionais, muitas decisões de investimento são motivadas pelo medo ou pela ganância.

Em muitos casos, os investidores compram em momentos de alta, na tentativa de maximizar retornos de curto prazo, em vez de buscar alcançar metas de investimento a longo prazo. Um foco em retornos de curto prazo leva a investimentos “da moda” ou tendências do mercado, ou em ativos e estratégias de investimento que foram eficazes recentemente. De qualquer forma, uma vez que um investimento se torna popular e chama a atenção do público, torna-se mais difícil ter vantagem ao determinar seu valor.

6. Fazer trades em excesso e com muita frequência

Ao investir, a paciência é uma virtude. Muitas vezes, leva tempo para colher os benefícios finais de uma estratégia de investimento e alocação de ativos. A modificação contínua de táticas de investimento e de composição da carteira não apenas pode reduzir os retornos por meio de custos de transação mais altos, mas também pode resultar em assumir riscos não planejados e não compensados.

Certifique-se sempre de estar no caminho certo. Use o impulso para reconfigurar sua carteira de investimentos como um estímulo para aprender mais sobre os ativos que possui, em vez de como um incentivo para negociar mais.

7. Pagar muitas taxas e comissões

Investir em um fundo de alto custo ou pagar muitas taxas de advisory é um erro comum, pois mesmo um pequeno aumento nas taxas pode ter um efeito significativo na riqueza a longo prazo. Antes de abrir uma conta, esteja ciente do custo potencial de cada decisão de investimento. Procure por fundos que tenham taxas que façam sentido e assegure-se de estar recebendo valor em retorno pelas taxas de advisory que está pagando.

8. Dar muito foco aos impostos

Embora tomar decisões de investimento com base em potenciais consequências fiscais seja um pouco como “o rabo abanando o cachorro”, ainda é um erro comum entre os investidores. Você deve ser inteligente sobre impostos: evitar os tributos pode melhorar significativamente seus retornos – mas é importante que o ímpeto para comprar ou vender um título seja impulsionado por seus méritos, e não apenas por suas consequências fiscais.

9. Não revisar os investimentos regularmente

Se você está investido em uma carteira diversificada, há uma excelente chance de que algumas coisas subam enquanto outras diminuem. No final de um trimestre ou de um ano, a carteira que você construiu com cuidado começará a parecer bastante diferente. Não se desvie muito do caminho! Faça verificações regulares (pelo menos uma vez por ano) para garantir que seus investimentos ainda façam sentido para a sua situação e, o que é ainda mais importante, que sua carteira não precise ser reequilibrada.

10. Assumir riscos em excesso, em quantidade insuficiente ou inadequados

Investir envolve assumir algum nível de risco em troca de uma possível recompensa. Assumir riscos em excesso pode levar a variações significativas no desempenho do investimento que podem estar fora da sua zona de conforto; e assumir riscos insuficientes pode resultar em retornos muito baixos para alcançar seus objetivos financeiros. Certifique-se de conhecer sua capacidade financeira e emocional de assumir riscos e reconheça os riscos de investimento que está assumindo.

11. Não conhecer o verdadeiro desempenho dos seus investimentos

É surpreendente quantas pessoas não têm ideia de como seus investimentos se saíram. Mesmo que saibam o resultado principal ou como algumas de suas ações se comportaram, raramente sabem como foi o desempenho no contexto de sua carteira. Mesmo isso não é suficiente; você precisa relacionar o desempenho de sua carteira global ao seu plano para ver se está no caminho certo, levando em consideração custos e inflação. Não negligencie isso!

12. Reagindo à mídia

Existem muitos canais de notícias 24 horas que ganham dinheiro mostrando informações “negociáveis”. Seria tolice tentar acompanhar tudo. A chave é filtrar informações valiosas de todo o ruído. Investidores bem-sucedidos e experientes coletam informações de várias fontes independentes e conduzem suas próprias pesquisas e análises proprietárias. Usar as notícias como única fonte de análise de investimentos é um erro comum, porque, no momento em que a informação se torna pública, ela já foi incorporada aos preços de mercado.

13. Perseguindo rendimento

Um ativo de alto rendimento é algo muito sedutor. Por que não tentar maximizar a quantidade de dinheiro que você recebe de volta? Simples: os retornos passados não são indicativos de desempenho futuro, e os rendimentos mais altos carregam os maiores riscos! Concentre-se na imagem completa: não se distraia ignorando a gestão de riscos.

14. Tentar ser um gênio na cronometragem do mercado

Acertar os tempos corretos de entrada e saída do mercado é possível, mas muito, muito, muito difícil. Para pessoas que não são bem treinadas, tentar fazer isso pode ser a sua ruína. Um investidor que ficou fora do mercado durante os 10 melhores dias de negociação para o índice S&P 500 de 1993 a 2013 teria alcançado um retorno anualizado de 5,4%, em vez de 9,2% permanecendo investido (sem tentar adivinhar esse timing). Essa diferença sugere que os investidores estão contribuindo mais para sua carteira de investimentos ao permanecer no mercado, em vez de tentar negociar para cronometrá-lo.

15. Não realizar uma devida diligência

Existem muitos bancos de dados nos quais você pode verificar se as pessoas que gerenciam seu dinheiro têm a formação, a experiência e a integridade ética para merecer sua confiança. Peça referências e verifique o trabalho delas nos investimentos que recomendam. O pior cenário é que você gaste uma tarde de esforço para dormir melhor à noite. O melhor cenário é que você evite o próximo esquema de fraude financeira. Qualquer investidor deveria estar disposto a fazer essa troca.

16. Trabalhar com o assessor errado

Um assessor de investimentos deve ser seu parceiro na realização de seus objetivos de investimento. O profissional financeiro ideal não apenas tem a capacidade de resolver seus problemas, mas também compartilha uma filosofia semelhante sobre investimentos e até mesmo sobre a vida em geral. Os benefícios de dedicar mais tempo para encontrar o profissional certo superam em muito o conforto de tomar uma decisão rápida.

17. Deixar as emoções atrapalharem

Investir traz à tona questões emocionais significativas que podem atrapalhar a tomada de decisões. Você deseja envolver seu cônjuge no planejamento de suas finanças? O que você deseja que aconteça com seus ativos após sua morte? Não deixe a imensidão dessas perguntas te atrapalhar. Um bom assessor será capaz de ajudá-lo a construir um plano que funcione, independentemente das respostas a essas perguntas.

18. Esquecer-se da inflação

A maioria dos investidores se concentra em retornos nominais em vez de retornos reais (acima da inflação). Essa abordagem envolve analisar e comparar o desempenho após taxas e inflação. Mesmo que a economia não esteja em um período inflacionário massivo, alguns custos ainda aumentarão! É importante lembrar que o que você pode comprar com os ativos que possui é, de muitas maneiras, mais importante do que o seu valor em termos monetários. Desenvolva a disciplina de focar no que é realmente importante: seus retornos após ajuste de aumento dos custos.

19. Negligenciar o início ou a continuidade

As pessoas frequentemente deixam de iniciar um programa de investimentos simplesmente porque não têm conhecimento básico de onde ou como começar. Da mesma forma, períodos de inatividade são frequentemente resultado de letargia ou desânimo por perdas de investimento anteriores. A gestão de investimentos é uma disciplina que não é excessivamente complexa, mas exige esforço e análise contínuos para ser bem-sucedida.

20. Não controlar o que você pode

As pessoas costumam dizer que não podem prever o futuro, mas se esquecem de mencionar que podem tomar medidas para moldá-lo. Você não pode controlar o que o mercado suportará, mas pode economizar mais dinheiro! Investir capital continuamente ao longo do tempo pode ter tanta influência na acumulação de riqueza quanto o retorno do investimento. É a maneira mais segura de aumentar a probabilidade de alcançar seus objetivos financeiros.

Os assessores do escritório trabalham diuturnamente para evitarem estes erros no desenvolvimento e manutenção dos portfólios dos nossos clientes. Contudo, trazê-los à luz do conhecimento de todos para um esforço conjunto tem o poder de impulsionar os resultados de longo prazo.