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Filosofia Trium

por Daniel Perdomo
Filosofia Trium

É com grande satisfação que compartilhamos uma conquista importante: em julho, a XP divulgou seu primeiro ranking interno dos escritórios que mais entregaram resultados financeiros aos clientes nos últimos 12 meses, e a Trium Capital alcançou o primeiro lugar entre mais de 450 escritórios.

Esse reconhecimento reforça a solidez da nossa filosofia de investimentos, desenvolvida e testada ao longo de mais de cinco anos, especialmente em cenários de adversidade, e destaca-se como um diferencial significativo para a preservação e crescimento do patrimônio de nossos investidores.
Sempre estivemos alinhados aos interesses de todos que nos confiam seus recursos, ainda que não houvesse nenhum holofote congratulando tal feito.

No entanto, é fundamental lembrar que os resultados financeiros são apenas a superfície de um trabalho que vai muito além dos números. Embora já tenhamos abordado nossa filosofia em outras comunicações, é essencial reiterar alguns pontos fundamentais.

A assessoria de investimentos é uma atividade complexa e desafiadora, que exige não apenas competências técnicas, mas também uma reafirmação constante de princípios éticos, equilibrando psicologia e conhecimento técnico.

Sobre ética: Recentemente, a imprensa tem divulgado várias reportagens sobre perdas de investidores, algumas relacionadas à plataforma de investimentos que utilizamos. Muitas dessas perdas decorrem da falta de ética e de conflitos de interesse de profissionais despreparados e mal-intencionados. É vital que o investidor compreenda o tipo de jogo que está jogando e, principalmente, qual é o real interesse do seu assessor. Como afirmou Charlie Munger: "Mostre-me o incentivo, e eu lhe mostrarei o resultado". Por isso, é crucial trazer à luz os incentivos perversos que permeiam o mercado financeiro.

Alguns profissionais de investimentos têm como objetivo principal a geração de comissões para si mesmos e para suas empresas, priorizando o volume de vendas de produtos financeiros em detrimento do interesse dos clientes.

Esses profissionais são frequentemente incentivados a promover produtos que oferecem rebates mais altos, mesmo que não sejam adequados ao perfil e aos objetivos do investidor. Entre as práticas mais comuns estão a venda de produtos altamente onerosos, como alguns tipos de fundos fechados; operações excessivas ou “giro de carteira”, que envolvem a realização de inúmeras transações para gerar comissões de corretagem; e a recomendação de produtos estruturados complexos, que aproveitam a falta de transparência e a dificuldade de compreensão para aumentar as comissões.

Além disso, essas pessoas tendem a favorecer produtos da própria instituição ou de parceiros estratégicos, que são mais lucrativos para a empresa, ou participam de vendas casadas para cumprir metas impostas internamente. Essas práticas criam um ambiente de conflito de interesses, no qual as decisões são tomadas em benefício próprio e da empresa que representam, em vez de atender aos objetivos financeiros e ao bem-estar do cliente.

Isso gera um duplo incentivo perverso: ganhos financeiros diretos por meio de comissões e bônus, além de reconhecimento e promoções internas baseados na produção gerada.

O resultado não poderia ser outro: portfólios com resultados negativos e, em alguns casos, danos irrecuperáveis.

Na Trium, adotamos um caminho diferente. Nossa cultura e o rígido controle dos portfólios não se alinham ao exposto acima; ademais, nossos incentivos internos são voltados para a satisfação do cliente e a captação de recursos – investidores não aportam novos recursos se estiverem insatisfeitos. Ainda assim, não trabalhamos com metas de produtos nem com amarrações contratuais com a plataforma, que nos obriguem a direcionar nossos clientes para escolhas específicas. Portanto, a remuneração por produto não é um obstáculo à entrega de resultados.

Adicionalmente, oferecemos aos nossos clientes a opção de uma remuneração baseada em honorários (fee-based). Nesse modelo, o assessor é remunerado por uma taxa fixa ou um percentual sobre o valor dos ativos sob gestão (AUM - Assets Under Management), independentemente dos produtos escolhidos pelo cliente.

Essa abordagem promove um alinhamento de interesses ainda maior, pois o assessor é incentivado a focar na melhor estratégia de investimento, sem estar atrelado à venda de produtos específicos.

A remuneração "fee-based" proporciona mais transparência, já que os clientes sabem exatamente quanto estão pagando pelos serviços de assessoria, o que aumenta a confiança e a clareza. Esse modelo também favorece a independência, já que o assessor não depende de comissões específicas para sua remuneração, reduzindo significativamente o risco de conflitos de interesse. E mais: os valores que o assessor receberia de comissões por produtos são redirecionados para o cliente em forma de cashback.

Psicologia do investidor: Acreditamos que investir bem é tanto arte quanto ciência, e a arte reside em compreender a psicologia do investidor. Decisões equivocadas, frequentemente influenciadas por vieses comportamentais, reduzem o efeito dos juros compostos sobre o patrimônio, impactando negativamente o crescimento de longo prazo. Por isso, quando definimos junto aos nossos clientes a alocação mais eficiente de seus recursos, levamos em conta os principais modelos mentais que podem prejudicar a tomada de decisão.

Identificamos, então, quais desses vieses o investidor está mais propenso a apresentar. Entre os exemplos mais comuns estão o viés de confirmação, em que o investidor busca informações que reforcem suas crenças pré-existentes, ignorando dados contrários; o viés de ancoragem, que o leva a se fixar em uma informação inicial, influenciando desproporcionalmente suas decisões futuras (como o preço de aquisição de um ativo); o viés de aversão à perda, que o faz evitar riscos de forma excessiva, mesmo que com isso oportunidades de ganho sejam perdidas; e o "Fear of Missing Out" (FOMO), ou medo de ficar de fora, que leva o investidor a tomar decisões precipitadas por medo de perder uma oportunidade, aderindo a modismos sem considerar adequadamente os riscos envolvidos.

Ao entender e mitigar esses vieses, conseguimos alinhar a estratégia de investimentos com um planejamento racional e eficiente, potencializando os resultados ao longo do tempo.

Conhecimento técnico: Esta é a 51ª carta e, nas 50 anteriores, já discutimos amplamente o arcabouço técnico que orienta nosso comitê de alocação na definição de ativos e na dosimetria de cada um dentro dos portfólios de nossos investidores. No entanto, é importante destacar alguns dos principais pontos que consideramos nesse processo.

Primeiramente, os ciclos de mercado, conforme a teoria de Howard Marks, que sugere que os mercados financeiros se movem em ciclos, alternando entre períodos de euforia e pessimismo, exigindo, portanto, uma compreensão profunda desses movimentos para ajustar a alocação de ativos de maneira estratégica. No Brasil, onde os ciclos econômicos são mais curtos e de natureza imprevisível, é fundamental estabelecer um cronograma de liquidez que permita ao investidor aproveitar as oportunidades e proteger-se das volatilidades do mercado.

Outro ponto relevante é a aplicação do conceito de margem de segurança, conforme defendido por Benjamin Graham, que sugere a compra de ativos com desconto em relação ao seu valor intrínseco, reduzindo o risco e aumentando o potencial de retorno. Além disso, enfatizamos a importância do controle de custos, de modo que os juros compostos possam atuar com maior eficácia ao longo do tempo, ampliando o crescimento do patrimônio.

Por fim, buscamos a exclusão de ativos que não apresentem uma assimetria positiva, ou seja, aqueles em que o potencial de ganho não compense adequadamente o risco assumido. Esses princípios orientam nossa filosofia de investimentos, garantindo um enfoque equilibrado entre risco e retorno.

Seguir a tríade descrita acima — alinhamento de interesses, compreensão da psicologia do investidor e aplicação rigorosa de princípios técnicos de investimento — nos permitiu entregar os melhores resultados aos nossos clientes, posicionando a Trium Capital como referência entre todos os pares na XP. Este, talvez, seja o ranking mais efetivo, ainda que não recebamos nenhum tipo de premiação formal da plataforma que utilizamos. No entanto, para nós, o verdadeiro reconhecimento vem da confiança e do alto índice de satisfação dos nossos investidores, que nos motivam diariamente a buscar retornos sustentáveis a longo prazo dentro de um modelo de remuneração justo e transparente.

Acreditamos que é essa postura ética e centrada no cliente que continuará a nos diferenciar no mercado, reafirmando nosso compromisso com a integridade, a excelência e o crescimento sólido do patrimônio de nossos clientes.

11/09/2024
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